Após longos anos de árduo trabalho e incontáveis noites insones, o solitário Gepeto estava a ponto de finalizar aquele monstro metálico que quase não cabia dentro do galpão onde ficava a sua oficina.

Feito a partir de peças retiradas de um obsoleto blindado militar e partes de um velho caminhão arruinado que jazia esquecido ao seu lado, aproveitou também algumas engrenagens e polias de uma máquina de lavar industrial enferrujada que mofava encoberta por musgo e capim, juntou os circuitos eletrônicos de dois aspiradores de pó autômatos semi destruídos num incêndio com os hardwares de meia dúzia de laptops e uma máquina de café expresso. Todos abandonados há décadas num ferro velho. Por fim, ma s não menos importante, botou tudo pra rodar sob o sistema operacional desenvolvido por ele mesmo, Grilo Falante 2.0.

Projeto ao qual havia se dedicado de corpo e alma, acalentado pela esperança de obter um companheiro que fosse realmente confiável e que também pudesse ser útil contra invasores e saqueadores que infestavam o quadrante. Com isso, almejava alcançar a paz e a tranquilidade até o fim de seus dias.

Deu-lhe o sugestivo nome de GPTo, mas por questões afetivas, carinhosamente chamava-o de Metallochio. Agora admirava a sua criação, entre pensativo e exausto.

Foi então que surgiu a fada azul ao seu lado e perguntou se ele não desejaria que transformasse o gigante de ferro em humano também.

Não, respondeu ele de pronto. Por favor, não! Ao contrário. É a última coisa que desejo.
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Zartos©2024

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